Moradores de alguns bairros do município de Mirassol D'Oeste, a 329 km de Cuiabá, estão há cinco dias sem abastecimento de água. Segundo os moradores, o problema teve início na última quinta-feira (24.03), após pontes, barragens, estradas e tubulações de água serem rompidas durante uma forte chuva que caiu na região. De acordo com a prefeitura, o abastecimento dos bairros deve ser retomado ainda nesta quarta-feira (30).
Por causa das chuvas da semana passada, o município declarou estado de emergência e, além da falta d'água, algumas famílias ficaram ilhadas. Pontes das estradas do Jabuti, Cohab do Robertão e Jardim Shangri-lá foram destruídas e parte das rodovias estaduais que chegam até a cidade, como a MT-248 e MT-250, acabaram cedendo.
De acordo com a diarista Maria Regina Sehuc, moradora do Bairro Alto Boa Vista,no município, desde a última sexta-feira (25) a água não chega mais em sua casa. Ela, que tem quatro filhos, relatou que está passando por dificuldades para realizar as tarefas diárias, como lavar roupa. Sefuno ela, o pouco da água que consegue tem utilizado para cozinhar, lavar a louça e tomar banho.
“Nós estamos procurando [onde há água] e indo buscar água com um galão. Alguns vizinhos tem poço e sempre nos avisam quando tem água disponível. Em outros casos, estou mandando meus filhos irem tomar banho ou fazer alguma outra coisa na casa dos tios, em outros bairros que estão recebendo água”, disse.
Ela afirmou que conseguiu lavar as roupas pela última vez na quarta-feira da semana passada e que aguarda esperançosa para que a situação se resolva. “Meus dois cestos de roupa estão cheios, transbordando. Acabou a minha roupa limpa hoje. Não mandei meus filhos mais novos para a escola por causa disso. Está bem complicado”, afirmou.
Água de bica
A autônoma Simone dos Santos Crispiniano Almeida, que vive no Bairro Interlagos II, disse que chegou a recolher água de uma bica da cidade, usando um tambor, e que tem coletado água da chuva, que fica na calha da casa, para conseguir realizar atividades mais simples, como limpar a casa.
Simone contou que tem encontrado como solução passar boa parte do dia na casa de parentes, voltando para a sua somente à noite. De acordo com ela, se não agisse dessa forma, teria muita dificuldade para realizar tarefas normais. “Quando estou em casa, acabo tendo que fazer as coisas como antigamente, como lavar algumas coisas em bacia. Fico na casa da avó dos meus filhos porque, em casa, não consigo fazer nada direito”, desabafou.
Ela afirmou que a falta d'água no município não é incomum e lembrou que, há cerca de dois meses, ficou três dias sem água. Dessa vez, o problema afetou também questões de logística em relação a rotina de alguns moradores. “Nós temos uma ponte que liga nosso bairro e alguns outros ao centro da cidade. Com a chuva [que caiu] na semana passada, a ponte acabou caindo e está nos obrigando a dar uma longa volta para ter acesso a outros cantos”, relatou.
Outro lado
A assessoria da prefeitura confirmou que os bairros Alto Boa Vista, Interlagos, Bandeirantes I e II e Cidade de Deus ainda estão sem o abastecimento porque ficam no alto da cidade, o que, segundo a prefeitura, dificulta a distribuição. Em todos os outros bairros, a situação está normalizada, conforme a assessoria.
De acordo com José de Souza, chefe do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Mirassol D'Oeste (Saemi), o abastecimento de água deve ser retomado nas localidades afetadas ainda no início da noite desta quarta-feira (30). Ele explicou que a chuva da última semana rompeu uma adutora localizada na Avenida João Guarnica, o que causou o problema.
Souza afirmou que será feita uma interligação com outras estações de tratamento, enquanto a prefeitura e o Saemi realizam obras na adutora danificada para restabelecer definitivamente o fornecimento de água.
O prefeito de Mirassol D'Oeste, Elias Leal (PSD), afirmou que a Defesa Civil de Mato Grosso está no município e que estão sendo realizados levantamentos em relação aos estragos causados pela chuva. O prefeito disse, ainda, que a cidade irá buscar ajuda financeira junto ao governo estadual para tentar, entre outras coisas, reformar as pontes destruídas.
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