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Artigos Sábado, 15 de Agosto de 2015, 13:24 - A | A

Sábado, 15 de Agosto de 2015, 13h:24 - A | A

Opinião

O Brasil tem jeito?

É preciso escapar à ilusão de confundir nossa ansiedade individual com a dinâmica dos processos sociais.

por Luiz Henrique Lima *

O Brasil tem jeito, professor? Foi essa a inesperada pergunta que ouvi em São Paulo de um jovem e bem-sucedido empreendedor que assistira a uma palestra minha. 

A questão vinha embalada de pessimismo ante o noticiário predominante nos últimos meses: crise econômica, corrupção administrativa, violência urbana etc. 

Ao mesmo tempo, a indagação, pelo simples fato de ser formulada, encerrava um conteúdo de esperança. 

Foi como se ele me dissesse sem palavras, pela entonação da voz e postura corporal: eu queria acreditar em nosso país, mas não consigo diante dessa realidade...

Respondi sem hesitar, de forma simples e direta: Sim! O Brasil tem jeito. E mais: o Brasil está tomando jeito. 
Não me acusem de mentiroso, não riam de minha ingenuidade, não tentem me internar por insanidade. 

Não faço parte das tribos dos ufanistas ou desinformados, nem na dos crédulos na propaganda oficial. Ao contrário, tenho procurado apresentar um olhar independente e muitas vezes crítico no debate de temas relevantes na arena pública.

Ocorre que muitas vezes a nossa apreciação de determinada paisagem é obscurecida pela neblina da madrugada; o diagnóstico sobre um organismo complexo é contaminado por uma alergia superficial; e a visão estratégica de longo prazo é turvada pela angústia ante as dificuldades imediatas. 

Nessas ocasiões, é necessário paciência para que o sol da manhã dissipe a cerração e sabedoria para aprofundar a análise nas dimensões espacial e temporal. 

É preciso escapar à ilusão de confundir nossa ansiedade individual com a dinâmica dos processos sociais.

Se considerarmos a perspectiva de uma geração, constataremos o enorme potencial que nosso país oferece para proporcionar uma vida digna ao seu povo. 

Claro que os desafios são imensos, especialmente no campo da educação e da utilização sustentável dos recursos ambientais, mas nossas condições são bastante vantajosas em relação a outras nações.

De outro lado, leitores, se recordarmos a situação em que viviam nossos pais ou avós quando tinham a idade que temos hoje, perceberemos a dimensão do progresso alcançado, especialmente no campo civilizatório. 

Nesse período construímos uma sociedade democrática e instituições republicanas, que servem à sociedade e não aos governantes. Vivemos num ambiente com muito menos autoritarismo, machismo e racismo que no passado recente, a tal ponto que os diversos episódios que ainda ocorrem provocam maior comoção e reações que à época em que eram comezinhos.

Por certo que nossa democracia tem problemas, nossas instituições falham e nossas políticas públicas não alcançam muitos dos resultados pretendidos e possíveis. Todos nós erramos em algum momento, inclusive como eleitores. 

O trabalho coletivo de construção do Brasil está sempre incompleto, até porque, assim como na vida pessoal, quando satisfazemos determinadas demandas, logo surgem novas e desafiadoras aspirações. 

O caminho que temos pela frente é bem maior que o já percorrido e vencê-lo exigirá mais energia, tenacidade e habilidades.

Quando observo minhas turmas repletas de alunos, ávidos de conhecimento, motivados pelo aprendizado e críticos do status quo, não posso ser pessimista. 

Não posso ser pessimista quando sei que na sua maioria prezam a ética e estudam à noite após o trabalho e também nos finais de semana, investindo um pouco do que conseguem poupar em algo tão imaterial e não-imediatista como a educação, porém tão essencial à edificação do seu futuro, individual e coletivo.

Em síntese, o que disse ao meu interlocutor foi que o jeito para o Brasil nunca será o malsinado “jeitinho brasileiro”; se haverá ou não jeito depende de cada um de nós, todos os dias, a partir das ações mais simples, como a gentileza de um bom-dia ao porteiro ou o respeito ao pedestre e ao ciclista no trânsito. 

Minha esperança não reside nessa ou naquela personalidade ou grupo específico, mas na capacidade do conjunto de todos nós, com nossas diferenças, virtudes e limitações. 

E é por isso que confio que sim, o Brasil tem jeito.

 

* Luiz Henrique Lima é conselheiro Substituto do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT).
 

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