O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nessa sexta-feira (18.07) mais um pedido de liberdade do hacker Walter Delgatti Neto, mantendo preso pelo sexto ano consecutivo. Delgatti foi condenado em maio por criar documentos falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), incluindo um mandado de prisão contra o próprio ministro relator de seu caso.
Em uma das fraudes mais audaciosas já registradas contra o Judiciário brasileiro, Delgatti inseriu no sistema oficial do CNJ um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes, simulando que o próprio ministro determinava sua própria prisão. O documento fraudulento continha a frase: "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L".
Além disso, o hacker criou um recibo falso de bloqueio de R$ 22,9 milhões em bens do ministro — valor equivalente à multa imposta ao Partido Liberal (PL) por questionar as urnas eletrônicas.
Extensão dos ataques
Segundo as investigações, entre agosto de 2022 e janeiro de 2023, Delgatti realizou 13 invasões aos sistemas do CNJ, inserindo 16 documentos falsos, que incluíam: alvarás de soltura para criminosos; mandados de prisão forjados; ordens de quebra de sigilo bancário e bloqueios judiciais fictícios.
O objetivo, conforme a Procuradoria-Geral da República, era "prejudicar a administração do Judiciário e gerar vantagens políticas" para a deputada Carla Zambelli (PL-SP), apontada como mentora intelectual dos ataques.
Condenações
Em maio de 2025, a Primeira Turma do STF condenou por unanimidade: Carla Zambelli (PL-SP): 10 anos de prisão e perda do mandato e Walter Delgatti: 8 anos e 3 meses de prisão.
Ambos foram condenados pelos crimes de invasão de dispositivos informáticos e falsidade ideológica, além de serem obrigados a pagar R$ 2 milhões em indenização por danos coletivos.
Justificativa para manutenção da prisão
Na decisão desta sexta-feira, Moraes justificou a manutenção da prisão preventiva de Delgatti, destacando que "as condutas pelas quais Walter Delgatti foi condenado são gravíssimas e ferem os bens jurídicos tutelados, inexistindo qualquer fato novo" que justifique sua liberdade.
O ministro ressaltou que os crimes: causaram prejuízo à integridade dos sistemas do Judiciário; colocaram em risco a confiança nas decisões judiciais e extrapolaram o direito de crítica institucional.
Situação de Zambelli
Enquanto Delgatti permanece preso desde agosto de 2023, Carla Zambelli fugiu do Brasil após a condenação e se encontra na Itália, segundo a Polícia Federal. O STF já decretou sua prisão definitiva e solicitou sua extradição ao Ministério da Justiça.
A deputada perdeu automaticamente o mandato parlamentar, já que a pena superior a 120 dias em regime fechado ultrapassa o limite constitucional para ausências em sessões legislativas.
Com o trânsito em julgado da condenação em junho de 2025, ambos os réus estão definitivamente condenados e começaram a cumprir suas penas integralmente.
Leia também - Governo Trump revoga vistos de ministros do STF após medidas contra Bolsonaro
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).