O desembargador João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), gastou R$ 1,36 milhão em faturas de cartão de crédito em 2023, valor que supera os R$ 1,19 milhão recebidos como salário no mesmo período. A informação foi apresentada pelo ministro Mauro Campbell Marques durante a sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que aprovou a abertura de processo disciplinar contra o magistrado e o manteve afastado do judiciário mato-grossense.
Os dados revelam um salto nas despesas pessoais: a média mensal das faturas subiu de R$ 41 mil para R$ 113 mil, quase o triplo dos anos anteriores. Esse aumento coincidiu com o período em que o CNJ investiga decisões judiciais supostamente negociadas com a intermediação do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023.
A defesa do magistrado afirmou que os gastos teriam sido cobertos com economias acumuladas ao longo da carreira. No entanto, o relator refutou a justificativa, apontando ausência de comprovação de saldo e indícios de que parte dos pagamentos foi feita por terceiros, inclusive com dinheiro em espécie utilizado para quitar boletos bancários.
O padrão de vida elevado, aliado à compra de imóveis e itens de alto valor, como um relógio supostamente avaliado em quase R$ 500 mil —, reforça os indícios de enriquecimento ilícito. Segundo Campbell, a movimentação financeira do desembargador é incompatível com a renda declarada e constitui um dos principais fundamentos do afastamento cautelar imposto pelo CNJ.
A investigação segue em curso e poderá resultar não apenas em sanções disciplinares, mas também em desdobramentos na esfera criminal.
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