Um padre morreu na noite de domingo (25) ao final de um missa da Igreja Sagrado Coração de Jesus, no bairro Tristeza, Zona Sul de Porto Alegre. José Werle, de 80 anos, estava na paróquia desde a sua inauguração, há 33 anos. Conforme a Cúria Metropolitana, a morte ocorreu após a distribuição da hóstia, quando ele levantou as mãos e disse "oremos". Em seguida, caiu ao chão devido a um infarto fulminante. Havia cerca de 130 pessoas assistindo à missa.
A jornalista e revisora de textos Vanessa Reis Fernandes, 29 anos, estava ajoelhada quando o padre caiu, mas sua sogra estava de pé e viu o ocorreu. "Ela me contou que ele começou a olhar para cima, inclinando cada vez mais a cabeça para trás. Depois caiu para o chão", conta Vanessa.
Três médicos e uma enfermeira correram até o altar para prestar socorro ao padre. Entre eles estava a sogra de Vanessa, que é enfermeira. Já a jornalista saiu da igreja para acionar o Samu. "O grupo que foi até o altar fez massagem cardíaca nele por cerca de 10 minutos, até a chegada do Samu." Neste meio tempo, quem estava com crianças deixou a paróquia.
Os médicos do Samu aplicaram soro e medicação específica para infarto. Também fizeram cerca de 30 minutos de massagem cardíaca. Entretanto, o padre não respondeu. Logo depois de constatada a morte, os fiéis começaram a fazer o velório do padre, após ter sido colocado em cima de um colchão.
Padre já tinha passado mal durante missa
O marido da jornalista, o engenheiro de suporte de TI Rodrigo Scalon Fernandes, 30 anos, também estava na missa. Ele lembra que o padre já tinha passado mal no mesmo local, há 21 anos. "A cena meio que se repetiu. Lembro dele ser atendido no mesmo local", conta.
Desde lá a saúde de Werle vinha se agravando, afirma Rodrigo. Nos últimos anos, o religioso deixou de rezar todas as missas durante o final de semana devido a saúde debilitada. "A gente tentou fazer nosso casamento com ele, mas o padre disse que não aguentaria fazer tantas celebrações ao mesmo tempo".
odrigo tem boas lembranças do padre, com o qual fez a primeira comunhão, em 1995. "Foi sempre um padre muito querido, brincava com as crianças. Quando eu era criança, me lembro dele distribuindo santinhos, o que fazia até hoje". Já Vanessa lembra que gostava de confessar com Werle, já que o padre também era psicólogo.
Mesmo com a morte do pároco, ele diz que o sentimento não é de tristeza. "Foi uma morte santa. Deus não chamou ele no começo da missa, mas no final. Depois de ter celebrado". A professora Lúcia Soldera estava na missa e relatou que a cena foi muito impactante. "Durante a missa, ele falou que estava feliz. Convidou para rezar a oração após a comunhão e simplesmente desabou."
Há dois anos, o padre se tratava de um câncer na região do peito, próximo ao coração. Ele era padre há 53 anos. Werle está sendo velado nesta segunda-feira (26) na igreja onde ocorreu o incidente. No final da tarde, ocorrerá a cremação no Crematório Metropolitano.
