Cinco dias depois que o maior reservatório de água que abastece o Rio passou a usar o volume morto, uma segunda represa do sistema do Paraíba do Sul, a Santa Branca, também deixará de produzir energia após atingir o nível zero e passará a fazer uso da reserva técnica apenas para consumo humano. O dado foi divulgado nesta segunda-feira pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O volume dos outros dois reservatórios também é crítico: Jaguari tem 1,72% e Funil, 3,75%, o nível mais baixo desde o início da operação em 1969.
Especialistas em recursos hídricos dizem que a situação não altera de modo significativo o quadro que já é preocupante, mas cobram medidas enérgicas do governo para controlar o consumo, temendo um cenário de calamidade pública em alguns meses. O temor é que a quantidade de água nos reservatórios não dure até o período de seca, no meio do ano. Entre as medidas sugeridas estão metas de economia nas contas, reflorestamento das matas da região da bacia do Paraíba do Sul e até uma antecipação do racionamento — descartado pela Cedae e pela Secretaria Estadual do Ambiente no momento.
O professor Marcos Freitas, coordenador do Instituto de Mudanças Globais da Coppe/UFRJ, fez uma simulação, na semana passada, usando o volume morto do Rio Paraibuna (2,096 trilhões de litros) com a vazão para a distribuição no Rio Guandu e estimou que o total deve durar seis meses. Por isso, a recomendação dele é pelo racionamento agora. “A Cedae tem que tomar decisões, até começar o racionamento. As pessoas têm que perceber que é sério. Se você está no estado que é campeão de consumo e tem uma medição baixa (de uso), se não entrar com racionamento, vamos caminhar para um problema maior.”
A diretora-adjunta do Centro de Regulação e Infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marilene Ramos, discorda do racionamento, mas sugere metas. “Para que os que economizam tenham descontos e os que gastam mais sejam sobretaxados. O racionamento impõe o mesmo sacrifício a todos”, opina Marilene.
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