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Internacional Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2014, 11:40 - A | A

Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2014, 11h:40 - A | A

Internacional

Publicitário brasileiro em Sydney relata medo: ‘Parece cidade fantasma'

Jovem de Sorocaba (SP) viaja a turismo com amigos. Sequestro mudou rotina de moradores e visitantes.

g1.com

Está tudo muito tenso, parece uma cidade fantasma. Nós temos medo e receio do que pode estar por vir. É tudo muito incerto”. Este é o relato do publicitário brasileiro Fabrício Claudino, que está em Sidney, na Austrália, hospedado em uma casa a cinco minutos do Lindt Chocolat Cafe, onde um sequestrador mantém reféns há mais de 12 horas.

Fabrício, que mora em Sorocaba (SP), está há dois meses no país, para onde foi passear com um grupo de amigos.

De acordo com ele, as ruas estão vazias e ninguém está autorizado a sair de casa. “As lojas e empresas não abriram para evitar o movimento pela região. Hoje é segunda-feira, um dia em que todas as ruas estariam movimentadas, mas hoje elas estavam vazias”, conta.

O maior medo, segundo ele, é porque há ameaças de bomba em vários pontos da cidade. “A cada notícia é um novo susto. Nós estamos muito tensos e ao mesmo tempo torcendo para que as vítimas possam sair vivas.”

Segundo Claudino, os moradores estão sendo orientados, pelo rádio e pela TV, a evitar ligações para a polícia. “Elas estão sendo grampeadas por hackers para espalhar as notícias. As pessoas estão com medo até de postar nas redes sociais sobre o assunto”, comenta.  Ele relata ainda que há pouco tempo houve um treinamento anti-bomba e ataques terrorista no mesmo local onde o ataque está sendo realizado o sequestro.

O jovem afirma que, por conta do sequestro, vai viajar para Melbourne. "A passagem de avião para lá, que custava A$ 45 de manhã, já está A$ 200", afirma.

Um homem armado entrou no Lindt Chocolat Cafe, em Martin Place, em Sydney, às 21h (horário de Brasília) de domingo (14.12), 10h de segunda-feira (15) na Austrália e fez dezenas de clientes e funcionários reféns. A polícia está em contato com o sequestrador, mas ainda não soube precisar o número de reféns, que pode chegar a 50. Cinco consehuiram deixar a cafeteria.

As motivações do ataque ainda são desconhecidas. Por volta das 2h45, três homens saíram da lanchonete e ainda não se sabe se foram liberados ou conseguiram escapar. Dois deles deixaram o local pela entrada da lanchonete e outro pela saída de emergência. Por volta das 4h15, duas mulheres também deixaram a cafeteria.

A vice-chefe de polícia local, Catherine Burn, informou que os cinco reféns libertados foram avaliados por médicos para garantir que eles estão bem. Em seguida, eles seriam ouvidos pela polícia. A imprensa australiana identificou uma das reféns como Elly Chen, funcionária do café. Ela aparece saindo correndo em fotos feitas no local. Outro refém que já deixou o local foi identificado como o advogado Stefan Balafoutis. Ao que parece, não há feridos.

Segundo a ABC Austrália, a polícia já identificou o suspeito e afirmou que ele era conhecido das autoridades. Sua identidade não foi divulgada. A polícia está em contato com o sequestrador. As autoridades de Nova Gales do Sul disseram que "os melhores negociadores do mundo" estão trabalhando para terminar o sequestro de forma pacífica.

Segundo as postagens em uma rede social, a brasileira Marcia Mikhael está entre os reféns. Parentes da personal trainer confirmaram as postagens dela, mas as autoridades brasileiras e australianas ainda não confirmaram que ela estaria entre os reféns.

O gerente da Lindt na Australia, Steve Loane, disse ao site australiano "News.com.au" que entre 40 a 50 pessoas estavam dentro do café sob poder do sequestro, incluindo clientes e funcionários. A polícia não confirmou o número de vítimas. O mesmo site diz ainda que o atirador afirma ter "dispositivos" espalhados pela cidade e exige falar com o premiê Tony Abbott em uma conversa transmitida ao vivo por uma estação de rádio.

De acordo com uma emissora local de televisão, o homem armado pediu que seja entregue uma bandeira do grupo Estado Islâmico (EI) e advertiu que quatro bombas estão escondidas na cidade. Prédios ao redor do café foram esvaziados, dentre eles o Consulado dos Estados Unidos no país e também a Ópera House, principal ponto turístico da cidade, que cancelou suas apresentações até esta terça-feira (16). Informações iniciais não confirmadas relatavam que um pacote suspeito estava no local. A polícia confirmou uma operação no Ópera House, mas não forneceu mais detalhes.

Reações

Em uma entrevista coletiva, o primeiro-ministro disse que não estava claro se a invasão ao café tem motivação política, mas que há indicações disso. "Este é um incidente muito preocupante. Compreendo a preocupação e a angústia do povo australiano. Há pessoas que querem nos fazer mal. A violência só serve para assustar. A Austrália é um lugar pacífico", assinalou Abbott ao pedir aos australianos para continuar o dia com normalidade e, em caso de observar movimentos suspeitos, chamar as autoridades locais.

Na página oficial da Lindt Chocolate Cafe Austrália no Facebook, a companhia agradeceu o apoio e disse estar "profundamente preocupada com o grave incidente". "Nossos pensamentos e orações estão com a equipe e os clientes envolvidos e todos os seus amigos e famílias", diz o comunicado.

Mais de 40 grupos muçulmanos australianos condenaram a tomada de reféns. "Nós rejeitamos qualquer tentativa de tirar vidas inocentes de seres humanos ou de instilar medo e terror em seus corações", afirmam em um comunicado, que chama a tomada de reféns de "ato desprezível". As autoridades também expressam seu apoio e solidariedade para com as famílias das vítimas e dizem esperar uma solução pacífica para o caso.

Os grupos muçulmanos indicaram que a inscrição "não representa um posicionamento político, e sim reafirma o testemunho da fé do qual se apropriaram de maneira indevida indivíduos desorientados que não representam ninguém, exceto a si mesmos".

"Este ato desprezível serve apenas para as agendas daqueles que buscam destruir a boa vontade do povo da Austrália e para prejudicar e ridiculizar a religião do islã e os muçulmanos australianos", completa a nota.

Operação

Desde o início da ação, o premiê está reunido com o Comitê Nacional de Segurança para acompanhar a operação. Ao redor da área há mais de 20 homens de unidades especiais e cerca de 50 agentes e detetives à paisana e com coletes à prova de balas.

Ônibus que transitam pela região foram desviados. O espaço aéreo na região também foi bloqueado, de acordo com as autoridades de Aviação Civil e Segurança.

A Martin Place, praça onde fica o Lindt Chocolat Cafe, está localizada no centro financeiro de Sidney, onde fica também o escritório do primeiro-ministro, a emissora de TV Channel 7, o Reserve Bank of Australia e alguns dos maiores bancos do país. O Parlamento australiano fica a apenas algumas quadras dali.

O sequestro coincide com a detenção, em uma operação em separado, de um homem de 25 anos no noroeste de Sydney por supostos delitos por terrorismo. A detenção está ligada a um plano para realizar um ataque terrorista em solo australiano e a facilitação do deslocamento de cidadãos australianos para a Síria, segundo a imprensa local.

Em setembro, as autoridades australianas elevaram o alerta terrorista para 'alto', devido à possibilidade de possíveis ataques terroristas a cargo de uma só pessoa, pequenos grupos ou grandes organizações.

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