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Polícia Sexta-feira, 09 de Maio de 2014, 09:55 - A | A

Sexta-feira, 09 de Maio de 2014, 09h:55 - A | A

243 presos, um policial morto

jovens ativistas e desmontaram acampamentos de protesto contra o presidente Nicolás Maduro

brasil247

Policiais militares venezuelanos prenderam nesta quinta-feira centenas de jovens ativistas e desmontaram acampamentos de protesto contra o presidente Nicolás Maduro, e um policial foi morto a tiros nas manifestações e confrontos que se seguiram em torno de Caracas.

A incursão da Guarda Nacional Bolivariana começou na madrugada e desmontou quatro acampamentos mantidos por ativistas estudantis na capital do país durante três meses de protestos.

Depois da operação, centenas de manifestantes e moradores tomaram as ruas e montaram barricadas, uma tática comum ao longo dos meses de agitação popular. Os protestos haviam diminuído nas últimas semanas, mesmo se confrontos esporádicos continuavam.

Jovens mascarados atiraram pedras e coquetéis molotov, enquanto a polícia usou gás lacrimogêneo na sofisticada região leste de Caracas.

Um policial morreu de ferimentos de bala, disseram autoridades. Testemunhas contaram que os tiros foram disparados dos edifícios em direção às ruas.

"Um atirador matou o policial enquanto ele estava limpando os detritos deixados por estes manifestantes assassinos e violentos", disse um Maduro sombrio, durante discurso à nação. "Ele foi miseravelmente assassinado."

Tropas liberaram a região, onde estudantes de todo o país moraram temporariamente em tendas, cantando e tocando violão e exibindo cartazes com slogans contra o governo, tais como "Maduro, assassino".

"Estas detenções são irresponsáveis?, porque este é um protesto pacífico e não estamos tentando derrubar o governo", disse José Manuel Perez, de 22 anos, um líder estudantil. "Senhor presidente, pense no que está fazendo. Exigimos respeito aos alunos".

O governo afirmou que os soldados prenderam 243 pessoas em acampamentos que seriam as bases dos protestos violentos. Funcionários exibiram itens apreendidos nos locais, incluindo morteiros e coquetéis molotov.

Entre os detidos estavam uma mulher grávida e "aparentemente" um estrangeiro, disseram autoridades.

Os números oficiais mostram que durante os protestos de fevereiro e março 42 pessoas foram mortas e cerca de 800 ficaram feridas. Cerca de 3.000 pessoas foram presas desde fevereiro. Com as detenções desta quinta-feira, cerca de 450 pessoas ainda estão atrás das grades.

Após o desmonte de quatro acampamentos de estudantes opositores em Caracas, na madrugada dessa quinta-feira (8), a Venezuela teve um dia de tensão. A prisão de 243 jovens, durante a operação, gerou revolta de parentes e novos confrontos entre manifestantes e policiais em pelos menos três pontos da cidade até a noite.

Além das prisões e do adiamento de uma reunião, o dirigente do partido Vontade Popular, Leopoldo López, preso desde o dia 18 de fevereiro, teve a audiência de julgamento cancelada, quando já havia sido levado ao tribunal. De acordo com os advogados de López, a audiência foi desmarcada sob a alegação de que não havia "expediente". O julgamento não foi remarcado e a defesa alegou não ter recebido nenhuma notificação sobre a nova data do julgamento.

"Hoje, a Justiça injusta escondeu-se. De que tem medo? Da verdade? Eles sabem que devo ser libertado", declarou Lopez, citado na página da rede social Twitter pelo seu partido.

A detenção dos estudantes foi considerada uma operação “surpresa” da polícia venezuelana. O ministro do Interior, Miguel Torres Rodriguez, disse à televisão estatal VTV que a ação lançada na madrugada tinha como objetivo “destruir os acampamentos” porque os estudantes  “praticavam atos terroristas", como incendiar carros de patrulha da polícia e arremessar cocktails Molotov contra as forças de segurança.

Um dos líderes dos estudantes, Juan Requesens, informou que seus companheiros sofreram "uma emboscada", mas garantiu que os jovens vão "prosseguir a luta por seus direitos".

A Venezuela vive manifestações diárias e protestos, pacíficos e violentos, desde fevereiro. Os primeiros foram feitos pelo movimento estudantil, mas alguns setores da sociedade também começaram a mobilização contra o governo e em prol de mais segurança pública, abastecimento, controle da inflação e liberdade de expressão.

A violência dos confrontos entre estudantes e outros manifestantes e as forças de segurança já provocou 41 mortes e mais de 813 feridos, de acordo com números oficiais. Segundo o Ministério Público, as denúncias de violações de direitos humanos e abusos de repressão por parte das autoridades estão sendo investigadas.

Ao enfrentar um cenário instável, o presidente Nicolás Maduro aceitou a participação da União de Nações Sul-americanas (Unasul) como mediadora nos diálogos, e uma comissão  de chanceleres reuniu-se em pelo menos três ocasiões no país, no mês passado, com representantes da sociedade civil, do governo, dos empresários e da oposição.

Após a destruição dos acampamentos, uma reunião entre o governo de Nicolás Maduro e representantes da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que reúne partidos opositores, também foi adiada para a semana que vem.

Os acampamentos destruídos eram considerados os “últimos redutos de resistência” em Caracas. O principal estava situado em frente às instalações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Três meses após o início da onda de protestos, o país continua dividido e polarizado, apesar dos insistentes chamados de diálogo e da mediação da Unasul. As pesquisas mostram desgaste da imagem presidencial.

Em abril, uma pesquisa da Hinterlaces mostrou que 52% da população venezuelana acreditam na capacidade de Nicolás Maduro para solucionar os problemas do país e 46% avaliam que ele não teria a capacidade necessária. Em outra sondagem, o Instituto Datanalisis revelou que seis em cada dez venezuelanos estariam insatisfeitos com a gestão de Maduro.

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