Acontecimentos inusitados são relativamente comuns no mundo do futebol: é cachorro que invade o campo, trave que cai com bolada, juiz que participa de jogadas sem querer, atleta que agride torcedor... porém, um fato ocorrido na quarta divisão do Campeonato Paulista de 2005 certamente está entre os mais bizarros vividos em um gramado.
Atualmente entre os melhores times do Estado, o São Bernardo Futebol Clube à época dava seus primeiros passos e disputava sua primeira competição oficial. Na busca pelo acesso à Série A3, o time do ABC Paulista recebia o São Carlos em casa no dia 11 de setembro. Por volta dos 30 minutos do segundo tempo, o atacante goiano Reginaldo Pereira da Silva, conhecido como Reginaldo Asprilla, simplesmente se esqueceu quem era!
De acordo com relatos de torcedores presentes no estádio, Reginaldo teve uma crise de choro na cobrança de um escanteio. Retirado de campo, ele não reconhecia ninguém da comissão técnica do time e perguntava:
- O que eu estou fazendo aqui? Quem são vocês?
Quase oito anos depois, o R7 localizou Reginaldo Asprilla. Após encerrar a carreira em 2011, ele atualmente trabalha como diretor de esportes da ONG Sol Nascente em Trindade, cidade localizada a cerca de 25 km de Goiânia.
- O que eu me recordo também é por relatos dos meus companheiros da época, pois até hoje eu não me lembro do lance em si. Em um lance de ataque, houve um choque cabeça com cabeça com um jogador adversário. Lembro bem que estava no banco de reservas e entrei no decorrer da partida, mas depois só sei que estava no hospital, com dor de cabeça.
De acordo com ele, havia um bilhete ao lado do seu leito, pois naquele horário ele não poderia ter um acompanhante ao lado:
- Era do diretor do time, o Edgar Montemor, com o resultado do jogo. A moça que estava do lado disse que eu tinha acordado antes perguntando isso e sobre o meu sobrinho. Só sei que a gente ganhou de 1 a 0 ou 2 a 1 e com um gol de um jogador chamado Davi.
Na verdade, o placar final da partida foi 2 a 0 para o São Bernardo, resultado fundamental para que, ao fim do ano, o time subisse de divisão. Procurado pela reportagem do R7, Edgar, que ainda permanece no clube, confirmou a história. Ele acrescentou que Reginaldo já havia sofrido um problema semelhante ainda na primeira fase do campeonato, quando precisou ser hospitalizado após bater a cabeça na trave em uma partida contra o Guarujá. A suspeita dos médicos é que a nova crise de amnésia tenha sido em decorrência deste choque.
Apesar do susto, Reginaldo diz ter continuado sua carreira normalmente após ficar cerca de 30 dias afastado do futebol fazendo exames, que não constataram nada anormal no cérebro do atleta:
- Joguei muitos anos ainda e não tive mais nada. Também não tive nenhum medo de voltar a jogar, pois sabemos que futebol é um esporte de contato e isso poderia acontecer.
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