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Opinião Terça-feira, 30 de Setembro de 2014, 11:10 - A | A

Terça-feira, 30 de Setembro de 2014, 11h:10 - A | A

Opinião

***ESCLARECIMENTO

Em 2002, em uma entrevista ao vivo para a Rádio Eldorado, fui questionado sobre a relação entre o assassinato do casal Richthofen

Içami Tiba.com

***ESCLARECIMENTO

Diante da notícia veiculada nos jornais da semana passada, informando que fui condenado a pagar indenização por danos morais de R$ 10.000,00 à PUC de São Paulo, e pelas milhares de manifestações de apoio e mensagens de solidariedade que venho recebendo, sinto-me na obrigação de responder e esclarecer o fato, ocorrido há cerca de 12 anos!

Em 2002, em uma entrevista ao vivo para a Rádio Eldorado, fui questionado sobre a relação entre o assassinato do casal Richthofen (que teve a participação da filha Suzane) e o uso de drogas, que foi confessado e amplamente divulgado na mídia. Respondi que eu não tinha dúvida desta relação, e afirmei que a filha do casal estudava na PUC, onde os alunos, na época, fumavam maconha no interior da faculdade, que adotava uma política de não reprimir este tipo de comportamento.

No calor do momento, cheguei a usar a expressão “antro de maconha” para indicar aquela situação na PUC. Por isso fui processado civil e criminalmente. Fui absolvido na esfera criminal, pois apresentei provas documentais e testemunhais da situação em que se encontrava o campus da PUC em relação ao uso de maconha em suas dependências. Porém, na esfera cível, apesar de todas as provas, houve o entendimento de que ao usar a palavra “antro”, tive a INTENÇÃO de difamar a entidade e, por isso, fui condenado ao pagamento de danos morais. Essa condenação foi confirmada, agora, pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme repercussão na imprensa e nas redes sociais.

O primeiro ponto que quero deixar claro é que nunca foi a minha intenção ofender a PUC. É uma instituição pela qual tenho o maior respeito. Minha filha se formou psicóloga por ela e tenho grandes amigos entre seus professores.

Minhas claras intenções ao trazer a PUC para o assunto eram contextualizar a participação de Suzane no crime e também iniciar um debate sobre a falta de repressão e controle sobre o uso de drogas nas faculdades.

Como educador e psiquiatra, profissional treinado na análise do comportamento humano, realmente acredito que um ato bárbaro daqueles não pode ser avaliado sem a compreensão do universo próprio daqueles que agem. E ser aluna da PUC era parte importante do universo de Suzane naquele momento, assim como o confessado uso de drogas. Portanto, não entendo que houve desvio do tema ao incluir este argumento na discussão. Pelo menos, na minha opinião.

Mas fiquei chateado pela perda da oportunidade de um debate sobre o uso de drogas nas faculdades. Após a repercussão, eu esperava que o acontecimento pudesse desencadear uma profunda reflexão social sobre tema tão importante. No entanto, a PUC optou por um caminho diverso do diálogo. Desviando do foco principal do comentário, preferiu restringir todo o assunto à expressão gramatical “antro de maconha”, com o objetivo de me calar, censurando-me através de dois processos judiciais. Em outras palavras, “tirou o sofá da sala”.

O processo ainda não acabou, mas aos que me perguntam o que farei se a condenação for mantida, respondo com simplicidade: Cumprirei. Eu sempre ensinei o respeito aos limites e aceitarei esta condenação como um limite imposto pela Justiça. Dentro de tudo que prego e ensino, está a relação ato-consequência. Apesar da consciência tranquila, da certeza de que minhas palavras sempre se referiram aos fatos e não a personalidade da PUC, entendo a condenação como a consequência de um ato. Ao viver em sociedade, estamos sujeitos a isso. Aguardo, portanto, o julgamento do último recurso no STF, onde se discute a questão da censura e o cerceamento da minha liberdade de expressão.

Agradeço às milhares de manifestações voluntárias de apoio que tenho recebido, através de comentários nas reportagens postadas no facebook, mídias sociais e mensagens pessoais. A grande maioria, de pessoas que não conheço pessoalmente, mas que provavelmente conhecem a minha conduta pessoal, familiar, profissional e social, ao longo destes meus 73 anos de vida.

Por fim, consola-me saber, que em 2011, nove anos após minhas críticas sobre a situação do livre uso de entorpecentes no campus, o então Reitor da PUC, Dr. Dirceu de Mello, vetou um evento marcado para acontecer no interior da faculdade, intitulado “Festival da Cultura Canábica”, e que a justificativa do veto, dada pelo próprio Reitor, foi o fato de “as festas nas noites de sexta-feira na PUC ganharam proporções inadmissíveis por causa do barulho, do não dissimulado uso de bebidas alcoólicas e entorpecentes, afora outras condutas reprováveis”.

É bom saber que, finalmente, o problema que eu havia apontado há 12 anos vem sendo tratado, anos depois, com maior atenção e energia pela direção da faculdade. Torço para que consigam bons resultados neste trabalho de prevenção ao uso de drogas, pois isso é o que interessa a todos nós.

Içami Tiba

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