A jovem de 25 anos que foi encontrada nesta quarta-feira (21.05) após passar dez anos em cativeiro na Califórnia (EUA), sendo violentada, afirmou nesta quinta-feira (22.05) que se sente "feliz e abençoada" por reencontrar sua família.

A garota, que não teve o nome revelado, foi sequestrada por Isidro García, 41, em 2004, quando tinha 15 anos. Ele a manteve em cativeiro em Santa Ana, no sudeste de Los Angeles, e a violentou de forma frequente, revelou a polícia. Seu desaparecimento foi denunciado pela mãe dela em agosto daquele ano.

"Eu tinha 15. Não poderia fazer nada, não tenho uma vida", disse ela à rádio KABC, de Los Angeles. "Ele trabalhava duro por mim e por minha filha, e comprava tudo o que eu queria. Mas eu preciso do amor da minha família, não coisas", afirmou na entrevista.

García foi preso e responde por sequestro, estupro, abuso de menor e cárcere privado. Ele era namorado da mãe da jovem e morava na mesma casa com as duas. A mãe afirmou que suspeitava que o parceiro abusava sexualmente da filha, mas diz que não tinha provas para denunciá-lo.

Em seu depoimento, a vítima contou que García a drogou, depois de ter agredido sua mãe, em junho de 2004, e a levou para uma casa. Todas as noites ela era trancada na garagem do imóvel para não fugir.

O sequestrador teria conseguido documentos de identidade falsos para a vítima, que foi obrigada a se casar com ele em 2007. Ambos tiveram uma filha em 2012.

"Apesar de ter oportunidades de escapar, após anos de abusos físicos e mentais a vítima não viu qualquer forma de superar a situação e decidiu viver com García mesmo sob abusos mentais e físicos", assinalaram as autoridades.

García lhe dizia que seus parentes não a procuravam mais e que se tentasse escapar, sua família seria extraditada.

Segundo o capitão de polícia Anthony Bertagna, os investigadores acreditam que a vítima chegou com sua mãe e irmã do México ilegalmente em fevereiro de 2004 e não falava Inglês. "Estamos falando de uma menina de 15 anos, que está em um país novo, que chega aqui em fevereiro e depois de seis meses isso acontece", afirmou ele. "Ela disse que a família não se importava."

Em duas ocasiões, a jovem tentou escapar, mas foi pega pelo sequestrador e violentamente agredida.

Ao longo de dez anos, os dois se mudaram várias vezes para evitar chamar a atenção da polícia. A jovem contou à polícia que García arranjou um emprego noturno para os dois em uma empresa de limpeza, para poder controlá-la o tempo todo.

A vítima decidiu ir à polícia de Santa Ana após manter contato como uma de suas irmãs pelo Facebook, fato que lhe permitiu ganhar confiança.

O vizinho Javier Campos se surpreendeu com a notícia. "É difícil de acreditar , porque ele parecia um cara tão legal", disse ao jornal "USA Today". Mas outra vizinha, Meribel Garcia, disse que não foi uma surpresa. "Ele estava sempre de olho. Quando ela estava do lado de fora, ele ficava olhando pela janela, olhando para ela", contou.

O caso lembra o das três mulheres que foram mantidas em cativeiro durante dez anos por Ariel Castro, em Cleveland (Ohio), que se suicidou em sua cela em setembro passado.