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Economia Terça-feira, 23 de Junho de 2015, 09:00 - A | A

Terça-feira, 23 de Junho de 2015, 09h:00 - A | A

Retomada da atividade e da confiança deve ser adiada para 2016

Embora o governo pregue que as medidas do ajuste são suficientes para trazer novo fôlego ainda em 2015, melhora pode demorar

brasileconomico

Três fatores — a aprovação fatiada do ajuste fiscal; a inflação que teima em permanecer acima do teto da meta; e o déficit crescente em conta corrente — devem dificultar uma retomada rápida das empresas, ou mesmo da confiança, ainda em 2015. Apesar de os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa pregarem um início de retomada a partir do último trimestre do ano como um mantra, isso pode demorar mais do que eles gostariam.

Economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco lembra que a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sinalizou que o ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic (atualmente em 13,75% ao ano) aparentemente teve o ciclo estendido. “A ata sinaliza que novas elevações deverão ocorrer em função de um quadro resistente da inflação. E, como a autoridade monetária tem dado bastante ênfase na busca do controle de inflação e seu retorno para o centro da meta, o ciclo deve ser bem mais intenso do que se projetava, e bastante longo. E, claro, isso trará implicações para a retomada da atividade”, diz Castelo Branco. A equação é simples, diz o economista: “O juro alto eleva o custo do crédito e afasta o empresários de novos investimentos, prejudicando o crescimento da economia”.

É sabido que os efeitos da retração no consumo provenientes da elevação da Selic aparecem entre três e seis meses após o início do ciclo de alta. Assim, não é de estranhar que, quanto mais tempo esse ciclo se estenda, maior o prazo para uma retomada da atividade econômica. “A própria adoção das medidas do ajuste fiscal está se estendendo e impedindo a construção de uma agenda positiva entre as empresas, item fundamental para uma retomada, ao menos da confiança, no curto prazo”, afirma Castelo Branco.

Ele reconhece que só o ajuste não é suficiente para uma retomada da atividade, mas é condição necessária para uma mudança de expectativas em relação à confiança. “Não dá pra retomar a confiança com descontrole das contas públicas. Enquanto o ajuste não estiver consolidado, e os agentes privados continuarem receosos sobre novas medidas para consolidar a economia, só se retarda o início de uma retomada da confiança e consequentemente, da atividade”, afirma o economista da CNI.

Para o professor dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Mauro Rochlin, a retomada da atividade passa necessariamente pelas concessões anunciadas no início deste mês pela presidenta Dilma Rousseff. “Com a economia deprimida e o desemprego crescente, só as concessões poderão trazer fôlego para a atividade. Mas, para isso, o governo precisa mostrar ao setor privado que a orientação para as concessões mudou de fato, com uma política de concessão mais receptiva ao setor”, diz.

Como exemplo de mudança ele cita as limitações de tarifas no caso das concessões de rodovias. “Esse modelo precisa ser repensado e o governo precisa contemplar taxas de retorno atrativas.”

Opinião semelhante tem o presidente da Fractal, Celso Grisi, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP). “O governo precisa ser hábil na questão da privatização — apresentando proposta de licitação em moldes e rentabilidade atraentes para os possíveis concessionários. Dessa forma, começaria a entrar dinheiro na economia e trazer algum ânimo tanto ao setor produtivo quanto ao consumidor em geral”, diz.

Concessões devem atrair investimento estrangeiro

De qualquer forma, Grisi acredita que o ânimo virá de empresários estrangeiros — mais otimistas do que os locais. Segundo Grisi, o crédito caro dificulta a situação do empresário, que precisa virar o mês com atividade fraca, pagar salários, compromissos e impostos: “Isso tudo é sufocante para o empresário brasileiro. Já o estrangeiro não sofre esse tipo de pressão e por isso consegue analisar o país mais no longo prazo, verificando as melhores opções de investimento. E investir em infraestrutura no Brasil pode ser bastante atraente, desde que as regras de fato mudem. O ânimo virá daí”.

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