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Nacional Quarta-feira, 27 de Agosto de 2014, 16:14 - A | A

Quarta-feira, 27 de Agosto de 2014, 16h:14 - A | A

Caso Bernardo

Bernardo gritava por socorro e era ameaçado por madrasta; ouça áudio

Menino foi assassinado em abril; pai e madrasta estão presos pela morte.

G1

Um vídeo obtido durante uma perícia no telefone celular de Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, mostra uma briga entre a família e o garoto, assassinado em abril deste ano no Rio Grande do Sul. Na manhã desta quarta-feira (27), a RBS TV e o G1 tiveram acesso com exclusividade a um trecho em áudio do material, que será usado como principal prova pela acusação no processo da morte. As declarações são fortes. O menino de 11 anos foi assassinado em abril.

"Socorro, socorro, socorro", grita o menino, cinco vezes seguidas. "Vocês me agrediram, tu me agrediu", afirma Bernardo a Graciele.

Veja a transcrição (alguns trechos são inaudíveis)

Bernardo: Socorro.

Leandro: Vamos se acalmar. Vai para o teu quarto.

Bernardo: Socorro (...) vai me agredir. Socorro, socorro, socorro.

Graciele: (inaudível) Vai lá pedir socorro, vai lá.

Bernardo: Vão vocês!

Leandro: Quem que começou a bagunça?

Bernardo: Vocês me agrediram, tu me agrediu.

Graciele: E vou agredir mais. A próxima vez que tu abrir a boca para falar de mim, eu vou agredir mais.

Leandro: Xingando ela. Ninguém merece ser xingado, né, rapaz.

Graciele: Eu vou agredir mais, eu não fiz nada em ti.

Bernardo: Fez sim. Tu me bateu.

Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz.

Bernardo: Tu me bateu.

Graciele: Tu não sabe.

Bernardo: Tu me bateu.

Graciele: Eu não tenho nada a perder, Bernardo. Tu não sabe do que eu sou capaz. Eu prefiro apodrecer na cadeia a viver nesta casa contigo incomodando. Tu não sabe do que eu sou capaz.

Bernardo: (inaudível) Queria que tu morresse

Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz. Vamos ver quem tem mais força. Aí nós vamos ver quem tem mais força.

Bernardo: Quando tu morrer

Graciele: É, vamos ver quem vai para baixo da terra primeiro

Bernardo: Tu. Tu vai

Graciele: Então tá, se tu tá dizendo.

O vídeo mostra um quarto, que parece ser do casal. O celular está posicionado em um canto. O menino Bernardo não aparece em um primeiro momento. É possível apenas escutar seus gritos, como se estivesse preso em outro espaço da casa. Ele pede socorro e diz que foi agredido.

Depois, o menino já está no mesmo quarto que Leandro e Graciele. No local é possível ouvir o diálogo onde Graciele diz que prefere ver o menino morto a conviver na mesma casa. Mais para frente, Bernardo dá a entender que está olhando para a rua. Ele diz ao pai e a madrasta que há pessoas na rua olhando para casa e, momentos depois, a polícia chega.

Leandro, então, vai conversar com a Brigada Militar, enquanto Graciele instiga o menino. Ela o chama de “cagão” e “froinha”, por não ter ido reclamar à polícia. Bernardo começa a gritar dentro de casa dizendo que o casal o agrediu. O vídeo tem em torno de 30 minutos. No final, Graciele dá um medicamento para dopar o menino e a voz da criança fica diferente, mais lenta e calma.

Segundo a delegada Caroline Bamberg, as imagens foram gravadas pela madrasta com a intenção de dizer que Bernardo era agressivo com a família. O arquivo havia sido apagado do celular de Leandro, mas foi recuperado por técnicos do Instituto-Geral de Perícias.

Quatro testemunhas foram ouvidas na terça-feira (26) na primeira audiência do processo sobre a morte do menino Bernardo Boldrini. A sessão no Fórum de Três Passos, no Noroeste, teve cerca de 11 horas de duração.

O corpo de Bernardo foi localizado no dia 14 de abril enterrado em um matagal na área rural de Frederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, onde ele residia com a família. O menino estava desaparecido desde 4 de abril. Além de Leandro e Graciele, a amiga da madrasta Edelvania Wirganovicz e o irmão dela, Evandro Wirganovicz, estão presos e respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

Para o advogado Jader Marques, que defende o pai do menino, o material não só ajuda seu cliente como comprova a falta de provas da acusação. Jader reforça a inocência do pai de Bernardo como mentor do crime. “Os vídeos são realmente muito fortes, relevantes, mas não há nenhuma relação com o homicídio”, sustentou Jader.

Como apenas quatro testemunhas de acusação puderam ser ouvidas na terça, as outras sete restantes devem ser ouvidas em uma nova audiência, marcada para o dia 8 de setembro. Ainda não há data definida para o testemunho das outras 22 testemunhas de defesa dos réus, dispensadas da audiência.

Entenda

Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No dia 6 de abril, o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.

O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. No dia 14 de abril, o corpo do garoto foi localizado. Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem de um sedativo e depois enterrado em uma cova rasa, na área rural de Frederico Westphalen.

O inquérito apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ainda conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune, e contaram com a colaboração de Edelvania e Evandro.

 

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