A Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal investiga a autoria e a possibilidade de crime na filmagem de um vídeo em que um rapaz, com os braços para trás e aparentemente algemado, é supostamente coagido a se auto-ofender e a “pedir perdão” ao Grupo Operacional Tático da PM. As imagens foram postadas em uma rede social na segunda-feira (13.07), no perfil de alguém que se identifica como um sargento da corporação.
O registro dura 40 segundos e mostra o rapaz com uma blusa de frio e uma bermuda. Ele está sentado e parece ser orientado por alguém a falar. Um homem diz algo, mas não é possível distinguir as palavras usadas. O jovem pede perdão aos militares do Núcleo Bandeirante, ao "Clóvis" e ao Grupo Operacional Tático da PM. Por duas vezes, ele diz que vai "pegar o revólver e colocar no c...".
Pela filmagem, não é possível identificar onde o rapaz está. Mas, na postagem, o perfil que se identifica como sendo de um sargento ironiza a situação. "Eu não consigo entender os vermes, gravam os vídeos ameaçando a polícia, que fazem e que acontecem, e depois, quando pegamos, viram mocinhas. GTOP, huuura!!", escreveu.
Em conversa com o G1, o responsável pela postagem disse não ser o autor do vídeo e afirmou que o recebeu por meio do WhatsApp. Ele contou ainda que o jovem teria feito uma gravação anterior, afirmando que colocaria um revólver no c... de policiais. "Só está pagando com a língua."
De acordo com o chefe da comunicação social da PM, Luís Eduardo Goulart, as imagens foram encaminhadas para a corregedoria assim que a corporação tomou ciência da gravação, na terça. "Esse é o nosso procedimento padrão, a gente sempre manda investigar. Pode parecer montagem, pode parecer forçado, mas a gente sempre investiga tudo o que chega", explicou.
Goulart disse que o setor deve apontar em que condições foram feitas as imagens e se houve abuso por parte de policiais. Caso isso fique comprovado, os homens serão penalizados.
"Esse não é o comportamento adequado, não concordamos com essa postura. Se for verdade que as coisas aconteceram desse jeito, pode ter certeza, haverá punição. Essa não é maneira como um PM deve se portar", afirmou.
Especialista em direito penal, o defensor público Carlos André Bindá Praxedes diz que, ainda que as circunstâncias da gravação do vídeo sejam desconhecidas, é possível notar "o alto grau de constrangimento e desconforto" do rapaz em elogiar os PMs e em falar de si da forma mostrada na gravação. Para ele, à primeira vista, é possível concluir que a declaração não foi espontânea.
"A sociedade civilizada espera sempre uma postura ética dos profissionais de segurança pública do Estado, que, fiadores da lei e da Constituição, devem ser exemplo de responsabilidade e conduta ilibada e não podem, em hipótese alguma, sob quaisquer pretextos , se nivelarem a atos criminosos daqueles que decidiram seguir pelo caminho da desordem e da ilegalidade", declarou.
Sexo em viatura
A corregedoria também investiga a origem e veracidade de fotos divulgadas por meio de uma rede social e do WhatsApp que mostram supostos servidores da corporação fazendo sexo com uma mulher em uma viatura. A apuração começou na semana passada e, por causa da dificuldade em levantar informações, não tem previsão para ser concluída. A corporação disse que só vai se posicionar a respeito quando concluir a apuração.
O G1 teve acesso a três imagens. A primeira delas mostra um homem nu com a mulher apoiada no capô da viatura, enquanto outros dois, com as calças abaixadas, assistem à cena. Na segunda, a mulher está deitada no banco traseiro do carro com um deles por cima. Na última, ela está de costas e sobre o capô. O autor das fotos não foi identificado.
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