Vinte e quatro de agosto é uma data que representa, para o trabalhismo brasileiro, a perda do seu maior líder: Getúlio Vargas. Para a história, porém, retrata o dia em que um tiro contra o próprio peito evitou um golpe contra a Nação.
O suicídio de Getúlio até hoje é envolto em simbolismo, mistério e sonho. Sua Carta Testamento é um manifesto em favor dos trabalhadores, do nacionalismo e dos avanços sociais.
Tancredo Neves, que lhe deu de presente a caneta usada para escrever a carta deixada ao Brasil, nunca admitiu que tivesse sugerido que o presidente renunciasse naquela noite.
No entanto, amigos próximos e confidentes de Getúlio já relataram em livros que, além de Tancredo, os chefes militares o aconselharam a deixar o cargo.
O tiro no peito foi a senha para mostrar que o apoio das massas ao ex-presidente não era tão pequeno quanto imaginavam a UDN – União Democrática Nacional – e seu líder, Carlos Lacerda. O povo tomou as ruas do País. E, no Rio de Janeiro, então capital da República, o povo quebrou a Rádio Globo, que era porta-voz dos que queriam depor o governo trabalhista.
Quando fui ao sepultamento de Leonel Brizola, em São Borja/RS, onde estão enterrados também Getúlio e Jango, pude compreender que o trabalhismo é de fato a única doutrina política genuinamente brasileira.
Conversei com pessoas oriundas de todos os recantos do Brasil, e todas revelavam o mesmo sentimento. Diferente das ideologias importadas, como o marxismo, o socialismo, o comunismo e tantas outras, o trabalhismo de Vargas conseguiu unir o País em torno de um projeto nacional. Foi um momento marcante na história do Brasil. Sua vida e a sua morte. Suas realizações até hoje são os pilares da economia nacional. E a CLT, ainda que contestada, é a única garantia dos trabalhadores brasileiros. Querer comparar Getúlio Vargas a qualquer outro presidente na história do Brasil recente é no mínimo falta de conhecimento histórico. Ou piada de salão.
