por Içami Tiba *
Os pais são responsáveis por seus filhos quando eles são menores de 18 anos e quando maiores, caso tenham alguma anormalidade psíquica (os doentes mentais não são responsáveis por si mesmos, portanto, perante a lei, os pais são seus responsáveis). Independentemente da idade, quando os filhos ficam doentes, os pais são os primeiros a socorrê-los. No caso das drogas, o esquema é o mesmo: cabe aos pais cuidar do filho drogado. Mesmo se for maior de idade, ao ser internado, a lei exige que um adulto assine um termo de responsabilidade pelo tratamento.
Difícil é enumerar quais as atitudes que os pais devem tomar em relação a um filho drogado, porque é preciso levar em conta as características pessoais do pai, da mãe, do filho drogado e também do relacionamento entre eles (pai-mãe, pai-filho), além da relação com os outros elementos da família (irmãos, tios, avós, etc.).
De maneira geral é importante primeiramente conhecer a situação e fazer um diagnóstico: qual é a droga usada; há quanto tempo existe o vício; qual é a frequência do uso; qual a quantidade; de que maneira é usada (se injeção, fumo ou ingestão oral); como a droga é comprada, etc.
Dificilmente alguém se sente à vontade para responder a todas essas questões. São muito comuns a vergonha, o constrangimento, o silêncio, as reticências, o mau humor, as respostas evasivas. Também não é fácil para os pais fazer tais perguntas sem alterar seus estados emocionais pois a cada resposta vem o inesperado, o não desejado, a frustração, a mágoa, a agressão...
Diante de situações desse tipo, é comum o pai ficar bravo, agressivo, e a mãe entrar em depressão e chorar, sentindo-se culpada: "onde foi que errei?".
Enfim, é difícil para todos - pai, mãe e filhos - manter um diálogo tranquilo numa hora dessas, pois todos se encontram emocionalmente envolvidos uns com os outros, e cada um à sua maneira, com a droga.
Se essa conversa for de topo impossível, é preciso recorrer à ajuda de uma terceira pessoa, que se sinta livre e preparada para ajudá-los. Geralmente trata-se de um profissional especializado, como um psicólogo, um psiquiatra, um assistente social. Ou seja, obtém um bom diagnóstico e um bom encaminhamento, ou o tratamento pode estar fadado ao fracasso.
Ansiedade também só atrapalha; de nada vale querer soluções imediatas para o problema. É mais eficiente a busca de um tratamento adequado que a urgência de uma solução apressada e inadequada.
*Içami Tiba - Psicoterapeuta de adolescentes, médico formado pela Faculdade de Medicina da USP. Especialização como Psicoterapeuta Psicodramatista pela Sociedade de Psicodrama de São Paulo. Membro da Equipe Técnica-Científica da Assessoria Parceria Contra as Drogas. - 11/08/98