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Cidades Quinta-feira, 24 de Março de 2016, 08:27 - A | A

Quinta-feira, 24 de Março de 2016, 08h:27 - A | A

Em Cuiabá

Menino de 6 anos morre e hospital denuncia família por maus tratos

Ele teve as costelas fraturadas; caso é investigado pela polícia em MT

G1

Um menino de seis anos de idade morreu na Santa Casa de Misericórdia, em Cuiabá, na madrugada de terça-feira (22), após passar dias internado em estado grave. O estado em que a criança chegou a unidade hospitalar pela primeira vez, em fevereiro deste ano, fez com que o hospital denunciasse o caso ao Conselho Tutelar do Município, por suspeita de que o menino fosse vítima de maus tratos.

De acordo com a diretora do hospital, Maria Auxiliadora Dorileo, a denúncia foi feita após o menino afirmar à psicóloga e à equipe de serviço social da unidade que havia sido agredido pelo padrasto. Ele teria dito que o padrasto havia lhe dado uma cotovelada por causa de um desentendimento a respeito de um travesseiro. O G1 não conseguiu contato com a família da criança. Em uma rede social, o padrasto do menino chegou a postar uma foto do menino internado, afirmando que desejava a sua recuperação e que o amava.

“Infelizmente, é uma tragédia. A denúncia foi feita quando da primeira vez que ele chegou ao hospital, mas ele havia sido liberado após se recuperar. Ele chegou a ser internado, fez cirurgia, foi para casa e de repente voltou para o hospital passando mal e não resistiu”, afirmou a diretora da Santa Casa.

O caso está sendo acompanhado pelo Conselho Tutelar e também é investigado pela Polícia Civil. O corpo da criança foi liberado por policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mas o caso deverá ser encaminhado para a Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica). A polícia disse aguardar apenas o laudo de necropsia para dar continuidade às investigações.

Histórico

A polícia e o Conselho Tutelar apuram se a criança realmente foi vítima de maus tratos. Uma denúncia sobre o menino já havia sido feita, há dois anos, pela coordenação da Escola Municipal Professora Francisca Figueiredo de Arruda, localizada no Jardim Eldorado, na capital, onde ele estudava. Ao G1, a coordenadora pedagógica Márcia Aparecida Rabello de Oliveira, 57, afirmou que a denúncia foi feita pela escola após o aluno aparecer com marcas de cigarro nos braços.

“Ele era um aluno agitado, inquieto, e um dia chegou com marcas no corpo, de queimaduras de cigarro. Encaminhamos o caso para a psicóloga da escola e a mãe dele compareceu por duas vezes às sessões. Após isso, ela não mais apareceu e o processo foi encerrado e encaminhado para o Conselho Tutelar. Mas, depois desse episódio, as marcas sumiram e ele [o aluno] dizia que estava tudo bem”, disse.

Conforme a coordenadora, no dia 18 de fevereiro deste ano, durante a sessão de acolhida na escola, onde o menino estudava no período da manhã, ela percebeu que ele não estava com seu comportamento normal, optando por ficar sentado em um canto. Questionado, ele disse que estava com dor. “Ele pegava na região da costela e dizia que era dor no coração, mas que havia comido demais. Eu cheguei a levantar a camisetinha dele, mas não havia marca alguma. Ele estava triste”, relembrou.

Horas depois, a professora retirou o menino da aula e o levou para a coordenação, pois ele estava febril e continuava reclamando de dores. A irmã mais velha do garoto, que estudava na mesma escola, foi chamada para levá-lo para casa e, em seguida, para um médico, uma vez que a mãe e o padrasto não eram encontrados pelo telefone.

“No dia seguinte, uma sexta-feira, a irmã disse que ele havia sido levado ao médico pela mãe. Porém, na terça-feira [23 de fevereiro], ele passou mal demais e chegou a ser carregado pela professora”, disse.

Conforme a coordenadora, a criança gemia, reclamava de dor nas costelas e ficou deitada em um colchonete na coordenação por cerca de 40 minutos, até o padrasto e a mãe chegarem. “Eu sugeri chamar o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], mas a família não deixou. O padrasto o puxou pelo braço, disse que ele estava de 'frescura' e que eles iam levá-lo a uma policlínica”, afirmou.

Segundo a coordenadora, a mãe chegou a afirmar que a criança estava com duas costelas quebradas e que a culpa seria da própria escola, pois um outro aluno teria empurrado uma das mesinhas usadas pelos estudantes em direção à costela do seu filho.

No entanto, a diretora da escola, Márcia Rosane, 53, rebateu a acusação. “Isso é impossível. Os professores vivem de olho dentro da sala de aula e teriam reportado se algo do tipo houvesse acontecido. Além disso, uma criança não tem força para quebrar a costela de outra, muito menos a mesa tem altura para atingir as costelas dele”, afirmou.

Internação

Segundo a coordenadora, a criança foi levada pela família à Policlínica do Coxipó e, na sequência, foi encaminhada à Santa Casa, onde foi internada e passou por drenagem e uma cirurgia. Na escola, a irmã teria dito à diretoria que não tinha autorização da mãe para passar informações sobre o estado de saúde do menino.

“A mãe e o padrasto não mais atendiam os telefonemas da coordenação e não sabíamos se ele estava em estado grave ou não. Quando procuramos o Conselho Tutelar na segunda-feira (21), fomos informados de que a conselheira já havia visitado o menino, que ele havia tido três paradas cardíacas e que os médicos não achavam que ele iria sobreviver. Na madrugada seguinte, ele faleceu”, afirmou Márcia.

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